quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Saúde abaixo de um real


Números

R$ 13,60 POR DIA foi o gasto feito pelo Reino Unido com saúde pública em 2010 por habitante, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde(OMS).

O país é tido como uma referência no setor.

R$ 2,17 POR DIA Foi o gasto do Brasil com saúde pública por habitante em 2010, também de acordo com a OMS.


21 de agosto de 2012

Estado tem 15 municípios que gastam centavos por dia, per capita, com atendimento

Por Ruben Berta
rberta@oglobo.com.br

O EXPRESSO DA DOR


Foi apoiada em muletas que a balconista Neijanaíra Machado Freitas, de 30 anos, deixou o Pronto-Socorro Central Armando de Sá Couto, em São Gonçalo, no dia 13 de agosto, ao lado da mãe, Marinês Santana Machado. Abatida, ela reclama de um erro que teria sido cometido na unidade em janeiro: após um atropelamento, teve a perna esquerda imobilizada e foi mandada para casa. Desde então as dores pioraram, e a balconista não consegue a cirurgia que poderá fazer sua vida voltar ao normal. O atendimento precário pode ter explicação nos números: São Gonçalo é uma das 15 cidades das 92 do estado que, no ano passado, não gastaram com saúde sequer um real por dia para cada habitante.

- A sensação que tenho é de descaso. Vim mais de dez vezes aqui para o pronto-socorro. Eles mesmo admitem que o meu caso é cirúrgico, mas dizem que não podem fazer o procedimento. Nem um atestado agora eu estou conseguindo - reclama Neijanaíra.


No ano passado, segundo dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), São Gonçalo gastou R$ 210,18 com saúde por habitante, ou seja, R$ 0,57 por dia. Para se ter uma ideia, entre as capitais do país, por exemplo, somente Rio Branco, no Acre, gastou menos do que isso: R$ 181,25 por ano, ou R$ 0,49 por dia.

Baixada concentra baixos investimentos

Os números do Siops também reforçam o drama da saúde na Baixada. Das 15 cidades que aplicam menos de um real por dia com cada habitante, sete (Belford Roxo, São João de Meriti, Nilópolis, Queimados, Japeri, Nova Iguaçu e Seropédica) estão nessa região. Os casos mais delicados são de Nova Iguaçu e São João de Meriti, cujos percentuais de gastos com saúde em relação ao total de suas receitas se aproxima do mínimo de 15% determinado pela legislação atual: respectivamente 15,47% e 15,27%. Mas há situações como a de Japeri, quinta cidade que mais investiu percentualmente em todo o estado (34,73% de sua receita), mas não passou dos R$ 0,78 por dia para cada morador.

- Há problemas crônicos, como a falta de um reajuste na tabela dos procedimentos do SUS (Sistema Único de Saúde), que não ocorre há mais de dez anos. Todos os entes, estado, municípios e União têm sua parcela de culpa - comenta o presidente do Conselho Técnico do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Baixada e secretário de Saúde de Japeri, Fabio Stasiaki.

Cidade populosa, com quase um milhão de habitantes, São Gonçalo investiu em 2011 21,01% de sua receita em saúde. Um levantamento no site do Departamento Nacional de Auditoria do SUS mostra que a qualidade do gasto pode estar deixando a desejar: um dos relatórios diz, por exemplo, que no Pronto-Socorro Central Armando de Sá Couto, além de haver déficit de profissionais, "os prontuários são desorganizados, ilegíveis em grande parte, não contendo informações necessárias a cerca da evolução das pacientes, sem obedecer sequência lógica sobre os procedimentos realizados". Procurada pelo GLOBO, a assessoria de imprensa da prefeitura de São Gonçalo não se manifestou.

Rio é a 15ª entre as capitais: R$ 1,27 por dia

No país, entre todas as capitais, a cidade do Rio ocupou em 2011 o 15º lugar no ranking de gastos per capita com saúde, com R$ 466,58 no ano, ou R$ 1,27 por dia. A porcentagem em relação ao total da receita foi 19,69%. A líder foi Belo Horizonte, com R$ 2,05 por dia.

- Estamos evoluindo e devemos chegar em 2012 com 24,5% da nossa receita voltada para a saúde. O gasto per capita em relação a 2009 deve chegar ao dobro este ano - afirma o secretário municipal de Saúde do Rio, Hans Dohmann.

As cidades com maior gastos per capita são Quissamã e Porto Real. Com populações pequenas, de 20.242 habitantes e 16.592 respectivamente, a primeira se beneficia pelos royalties do petróleo e a segunda, por uma grande fábrica de automóveis.

- Aqui priorizamos a atenção básica. Investimos no cuidado com as pessoas. Hoje temos 100% de nossa população mapeada. A maioria dos que adoecem, conseguimos dar conta aqui mesmo, num hospital com 80 leitos - diz Simone Flores Soares de Oliveira Barros, coordenadora geral de Controle e Avaliação da Secretaria de Saúde de Quissamã.

Números

R$ 13,60 POR DIA foi o gasto feito pelo Reino Unido com saúde pública em 2010 por habitante, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde(OMS).

O país é tido como uma referência no setor.

R$ 2,17 POR DIA Foi o gasto do Brasil com saúde pública por habitante em 2010, também de acordo com a OMS.

*Retirado do O Globo


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