terça-feira, 18 de setembro de 2012

Um milhão exige demissão do governo


Maior manifestação desde o 1º de maio 74 exigiu a demissão de Passos Coelho, a saída da troika de Portugal e o fim da austeridade, que "deu maus resultados em todo o lado no mundo”. Organizadores propõem uma greve geral popular que pare efetivamente o país e convocam uma nova manifestação para a frente do palácio de Belém na 6ª feira às 17h, dia do Conselho de Estado.

ARTIGO | 15 SETEMBRO, 2012 - 20:09

Próxima manifestação: sexta-feira às 18 horas diante do
Conselho de Estado em Belém. Foto de Paulete Matos

O repórter do Esquerda.net esteve há 38 anos na manifestação do 1º de maio em Lisboa, em 1974, e apenas essa – que terá reunido um milhão de pessoas – foi maior que aquela que este sábado decorreu entre a Praça José Fontana e a Praça de Espanha. Mesmo a manifestação da “Geração à Rasca”, a 12 de março do ano passado, que reuniu cerca de 200 mil pessoas, foi superada largamente pela que desfilou sob o lema “Que se lixe a troika, queremos as nossas vidas”.


Além disso, a jornada deste sábado realizou-se também em outras 33 cidades do país e pelo menos seis no estrangeiro, quando se reuniram mais muitos milhares – só no Porto ter-se-ão manifestado 150 mil pessoas. Assim, o número de um milhão de pessoas em todo o país, apesar de não confirmado, não parece exagerado.

À chegada à praça José Fontana, já era claro que a manifestação seria gigantesca. Meia hora antes da hora marcada, a praça já estava completamente lotada e, talvez por isso, os organizadores decidiram sair cerca de dez minutos antes da hora marcada – outro facto inédito nas manifestações em Portugal. À medida que avançava pela avenida da República, as fileiras iam engrossando e entravam no cortejo milhares e milhares de pessoas.

O grito favorito era: “Está na hora! Está na hora! De o governo ir embora!”. Na criatividade dos manifestantes, os cartazes exibiam frases como: “Desconto mais que os paraísos fiscais”; “Cortamos no governo!”; “Sou desempregada, não sou delinquente!”; “Greve ibérica já!”; “Ruas sem medo”; “Insurge-te”; “Eu bem dizia que inevitável é a tua tia!”; “Não somos moeda de troika!”; “Relvas fora daqui!” O sonho ainda não paga imposto!”

O repórter notou também a grande quantidade de pessoas de cabelo branco (como o próprio repórter), mostrando que os reformados e pensionistas viram na convocatória uma oportunidade de também lutar pelos seus direitos, eles que são os mais desprotegidos.

Pelo caminho, e enquanto tirava notas, o repórter encontrou pessoas que não via há mais de dez anos. O mesmo via acontecer por todo o lado. Famílias que iam juntas, amigos que se reencontravam, um clima de alegria e de combatividade. Gente de todas as profissões e idades, coletivos feministas e de trabalhadores – como a Comissão de Trabalhadores da RTP, protestos individuais.

À chegada à Praça de Espanha, já lá se encontravam milhares de pessoas; e quando terminaram os discursos dos organizadores, o cortejo ainda estava a chegar, e por isso muita gente não tomou conhecimento dos discursos finais e das novas convocatórias feitas.

Concentração em Belém dia 21 às 17 horas

A mais importante delas foi a convocação de uma manifestação nos jardins diante do Palácio de Belém, onde se realiza o Conselho de Estado convocado por Cavaco Silva para discutir as medidas de austeridade e ouvir as explicações de Vítor Gaspar. Recorde-se que praticamente todos os conselheiros já afirmaram ser contra a descida da TSU para os patrões e o aumento de 60% (sete pontos percentuais) da contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social. A manifestação está convocada para as 17 horas.

Além disso, os organizadores defenderam a realização de uma greve geral popular, que reúna não só os trabalhadores contratados como também os precários e até os desempregados, uma greve geral que paralise efetivamente o país.

“Hoje sucedeu uma coisa extraordinária”, disse um dos organizadores no discurso final na praça de Espanha. Ninguém teve dúvidas disso. Cumpriram a promessa. A manifestação foi extraordinária. E os presentes saíram decididos a manter a luta até à queda de Pedro Passos Coelho. Um grupo de jovens decidiu prolongar a manifestação até à Assembleia da República.


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*Retirado do Esquerda.net


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