domingo, 2 de junho de 2013

Veja só: Ministro Padilha, com fins populistas, vem usurpando funções da ANS para se projetar como potencial candidato em 2014

27 de maio de 2013
Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 02/06/2013

Ministro da Saúde lança campanha na TV que precisou ser corrigida

Pasta comandada por Alexandre Padilha, que busca marca para sua gestão, gasta R$ 10 milhões para divulgar disque-denúncia que teve de ser redirecionado

Por Julia Dualibi e Fernando Gallo - O Estado de S.Paulo

Pressionado pelo PT para criar uma marca forte no Ministério da Saúde que lhe dê uma vitrine na disputa pelo governo paulista em 2014, o ministro Alexandre Padilha autorizou o gasto de R$ 10 milhões com uma campanha publicitária que apresenta a pasta como fiscal dos planos de saúde, atribuição que é de uma agência reguladora.

Padilha é nome cotado no PT para disputar
o governo de SP em 2014 (Foto: Ed Ferreira/AE)
A peça publicitária, que estreou no último dia 05 de maio, pede ao cidadão que ligue para o Disque 136 para denunciar descumprimentos de prazos dos planos de saúde. A competência para fiscalização dos planos é da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que é o órgão com autonomia administrativa para exercer a função e que já possuía um canal próprio para isso - um telefone 0800.

O Disque 136 informado na campanha do Ministério, estrelada pelo ator global Milton Gonçalves, é da Ouvidoria do SUS, "que ajuda a melhorar a qualidade dos serviços públicos de saúde" - portanto, sem relação direta com planos privados. A campanha também não menciona a ANS, cuja razão de existir é a regulação dos planos.

A campanha sobre os planos de saúde entrou no ar antes que o Disque 136 estivesse adequado para receber as reclamações. Segundo relatos recebidos pelo jornal Estadão, os atendentes chegavam a orientar o cidadão a procurar a prefeitura de sua cidade, porque o telefone era destinado apenas a assuntos relacionados ao SUS. Somente após três dias no ar, foi feito um redirecionamento para a central 0800 da ANS. 

A entrada do Ministério da Saúde num serviço de competência da ANS levou a Assetans, associação dos servidores da agência, a organizar um abaixo-assinado no qual pede explicações sobre o assunto à direção do órgão. "É inadmissível que seja desconsiderado todo o investimento realizado recentemente para qualificar o Disque ANS", afirma o texto da associação, que considera "preocupante a forma como o Ministério da Saúde vem interferindo na atuação da ANS".


Com o redirecionamento, o Disque 136 passou a ser um intermediário dispensável entre a ANS e o cidadão. "Você será redirecionado para a ANS, órgão responsável por regular e fiscalizar os planos de saúde", diz a gravação do SUS. A mensagem do 136 revela que o serviço do SUS não serve para atender os planos. "Para contatos futuros sobre planos de saúde, entre em contato diretamente com a ANS."

A direção do Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que a falta de uma bandeira seria um obstáculo para Padilha se tornar um candidato viável. Líderes petistas alertaram o ministro sobre a necessidade de criar uma marca. Ele, então, deu aval para uma robusta campanha publicitária e passou também a se expor mais, inclusive com participação em programas populares da televisão.

A campanha nacional do ministério sobre os planos de saúde faz parte de um pacote publicitário maior, chamado "É Tempo de Saúde", que custará R$ 67 milhões aos cofres públicos e que abordará ainda as próteses dentárias, o Farmácia Popular e a distribuição de remédios oncológicos.

O montante equivale a mais de um terço do orçamento de publicidade da pasta em 2013. As peças foram veiculadas em TV e rádio no País. A pasta prevê gastar com publicidade neste ano os mesmos R$ 186 milhões que gastou em 2012 - 24% a mais que os R$ 150 milhões gastos em 2011, primeiro ano da gestão Padilha.

2 comentários:

  1. Ricardo Rolim Xavier2 de junho de 2013 às 22:46

    (Via Facebook)
    Não confio nesses jornais mais conservadores.

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    1. Olá caro Ricardo.

      Antes de mais nada, agradecemos sua atenção para com o nosso blog.

      Também não confiamos cegamente em jornais tais como o Estadão. Mas não quer dizer que tudo que sai nele não é de confiança. É uma visão muito simplista e mecanicista achar que não há nada de válido na imprensa tradicional. Esses jornais também são um espaço de disputa, e não raro trazem à tona questões pertinentes.

      Além dessa questão mais de fundo, se tu observar bem, a Assetans respaldou a matéria do jornal, o que nos deu tranquilidade de republicar. Além disso, conhecemos a campanha publicitária em torno do serviço telefônico, que de fato no início usurpava as funções da ANS. Fora que faz meses que o ministro Padilha tem falado aos quatro ventos no Ministério averiguar, controlar e tudo o mais com relação a planos de saúde. É só tu acompanhar a mídia do próprio Ministério para perceber.

      Porém, essa resposta tem por nós objetivo principal, não tanto mudar sua opinião, e sim demonstrar que nesse e em outros casos, quando republicamos conteúdos da imprensa tradicional, não é feito nada com ingenuidade e sem reflexão, tampouco é feito cegamente.

      Grande abraço,
      Frente Nacional contra a Privatização da Saúde

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