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segunda-feira, 18 de maio de 2015

“O segundo mandato da presidente Dilma será de profunda recessão e de sérias e graves consequências para a classe trabalhadora”


O aprofundamento da crise econômica capitalista e seus impactos no Brasil colocam na ordem do dia uma série de debates sobre sua natureza, as respostas elaboradas pelos governos, seus impactos sobre os trabalhadores e as possíveis alternativas a partir de um projeto diferente do atualmente hegemônico. 

Nesta entrevista, Marcelo Carcanholo, professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Marx e Marxismo (NIEP-UFF) e presidente da Sociedade Latino-americana de Economia Política e Pensamento Crítico (SEPLA), analisa as recentes experiências no Brasil, dialogando com o contexto da América Latina e da Europa. Defendendo que a implementação de políticas sociais não elimina o caráter neoliberal do modelo brasileiro, Carcanholo explica que o crescimento dos anos anteriores se deveu ao contexto internacional, denuncia uma falsa polarização entre os projetos que se enfrentaram no segundo turno das eleições e alerta sobre as consequências da crise atual para os trabalhadores.

Durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2014, você afirmou que o ajuste econômico entraria em cena, independente do resultado. Após os primeiros meses do governo Dilma Rousseff, com a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e medidas como a restrição de direitos trabalhistas e cortes orçamentários, esse ajuste já está caracterizado? Como foi possível saber que as duas candidaturas apostariam nessa resposta aos efeitos da crise?

Parece mais do que evidente que o ajuste recessivo para responder aos efeitos da crise mundial e seus impactos na economia brasileira está sendo efetivado pelo governo federal. Não se trata apenas da nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. Ao contrário, Joaquim Levy foi indicado porque este ajuste já fazia parte do plano de governo. 

É central entender que o ajuste tem dois componentes: o que se chama de instrumentalização da política econômica de maneira ortodoxa e, também, o aprofundamento de reformas estruturais liberalizantes, que estamos vendo em relação aos direitos trabalhistas e previdenciários e que também fazem parte da estratégia de desenvolvimento do governo. 

Por que já se sabia que, independentemente de quem saísse vencedor nas eleições, essa seria a forma de combate aos efeitos da crise? Porque a estratégia de desenvolvimento que embasa as duas propostas concorrentes no segundo turno é a mesma: o neoliberalismo. Ao contrário do que muitos pensam, o neoliberalismo não é sinônimo de políticas econômicas ortodoxas, com redução de gastos para conter a demanda. Na verdade, ele se define, basicamente, por duas ideias: manutenção da estabilização macroeconômica e implementação de reformas estruturais pró-mercado. Mas não é necessário que a estabilização seja obtida com políticas econômicas ortodoxas, tudo depende do contexto internacional e da conjuntura. Em momentos de crise profunda, como agora, advoga-se o ajuste recessivo ortodoxo. Em outros momentos, admitem-se políticas menos convencionais, desde que as reformas estruturais sejam mantidas ou aprofundadas. 

Assim, a estratégia neoliberal de desenvolvimento vem sendo aplicada desde os anos 1990, mesmo quando muitos acharam que não. O que mudou em alguns momentos foi a conjuntura, mais favorável, que permitiu políticas econômicas menos convencionais. Mas isso não significa que se tratava de uma estratégia de desenvolvimento diferente da neoliberal. Isto permite entender, inclusive, como o chamado novo-desenvolvimentismo não é distinto do neoliberalismo.

E o que significa a instrumentalização da política econômica de maneira ortodoxa?

Quer dizer que as políticas monetária, fiscal e cambial buscam responder aos efeitos da crise mundial, restringindo o crescimento da demanda interna, o que aprofunda a recessão. Na política fiscal, o governo amplia a cobrança de impostos e aprofunda a redução dos gastos, com o objetivo de ampliar o superávit primário [diferença entre as receitas governamentais e as despesas correntes não financeiras]. 

Isto lhe permite ampliar os recursos comprometidos com o pagamento do serviço da dívida pública. Na política monetária, foram restringidos os canais de ampliação do crédito, ao mesmo tempo em que as taxas de juros tendem a se elevar. No que diz respeito à política cambial, o governo está se isentando de interferir no mercado de câmbio como vinha fazendo antes. Em um momento de crise, as pessoas tentam vender reais para comprar dólares. Isso tende a aumentar o preço do dólar, o que significa aumentar a taxa de câmbio. Até agora, quando acontecia  crescimento da demanda por dólares, o Banco Central atuava vendendo-os. Havia um aumento da demanda e também da oferta, o que impedia um impacto maior sobre o preço. Agora, o governo não está mais solucionando esse aumento porque não tem mais essa folga de dólares para ofertar.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Projeto de Lei da terceirização volta à pauta do Congresso Nacional

11/02/2015

Com informações do Sindicato dos Bancários de Santos e Região

Fonte: www.sindicatodosfrentistas.com.br
O Projeto de Lei (PL) 4330/2004 (clique aqui), que regulamenta a terceirização no setor público e privado, foi desarquivado na última terça-feira (10 de fevereiro). O projeto, de autoria do deputado e megaempresário Sandro Mabel (PMDB-GO), está pronto para votação na Câmara Federal e depende apenas de iniciativa do presidente da casa para ser incluído na ordem do dia.

O requerimento para desarquivamento pedia o retorno à tramitação do PL 1621/07, do deputado Vicentinho (PT-SP), anexado ao PL 4330. Dessa forma, todas as proposições que versam sobre terceirização são resgatadas para iniciar a tramitação de onde pararam no encerramento da legislatura do ano de 2014.

Para Amauri Fragoso de Medeiros, 1º tesoureiro e encarregado de relações sindicais do ANDES-SN, o desarquivamento do PL é negativo. “A terceirização é uma forma de aumentar os lucros reduzindo direitos trabalhistas e levando a uma maior precarização do trabalho”, critica. Medeiros cita que a terceirização leva à incoerência de dois trabalhadores realizarem a mesma função, mas tendo salários e direitos diferentes. 

“As universidades já são bastante afetadas pela terceirização. Na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), por exemplo, quase 50% do quadro de funcionários é de terceirizados”, conta o sindicalista. Amauri ainda cita o caso dos trabalhadores terceirizados do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em greve porque não recebem seus salários e demais benefícios desde 20 de dezembro, para exemplicar como esta forma de contratação é prejudicial aos trabalhadores. 

O tesoureiro do ANDES-SN ressalta que haverá mobilização social para combater, além do PL 4330, também as outras medidas que propõe retirada de direitos sociais. “2015 já é um ano de muitas lutas. Mesmo sendo um ano de cortes e ajustes, os trabalhadores da Volkswagen já mostraram qual o caminho que os trabalhadores devem seguir, que é o da mobilização”. Amauri Fragoso de Medeiros conclui apontando que o Fórum dos Servidores Públicos Federais e o Espaço de Unidade de Ação, que reúne entidades sindicais do setor público e privado, além de movimentos sociais e populares, são duas das articulações que estarão à frente do processo de lutas, e das quais o Sindicato Nacional participa.

*Retirado do ANDES-SN

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Privatizações petistas: dinheiro público, lucros privados

domingo, 2 de fevereiro de 2014
Por Sérgio Domingues


As privatizações petistas são mais discretas que as tucanas. Elas privatizam mais os recursos do Estado do que seu patrimônio. Um exemplo é o programa “Minha Casa Minha Vida”.

Em 30/01, a Carta Capital publicou o artigo “Como não fazer política urbana” (clique aqui e veja), de Ana Paula Ribeiro, Guilherme Boulos e Natalia Szermeta. O texto revela que após anos de existência do programa, “o déficit habitacional aumentou em quase 1,5 milhão de moradias”.


Para entender como isso aconteceu, o melhor é ler o texto. Mas, basicamente, o artigo diz que o programa acabou beneficiando cinco gigantes do mercado: Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão. Essas empreiteiras entregaram 1 milhão de novas casas, mas 2,5 milhões de famílias perderam suas moradias devido à enorme especulação imobiliária.

sábado, 16 de novembro de 2013

Ex-diretor do HU de Santa Maria (RS) relata avanço privatista na Saúde

Data: 14/11/2013
Por Sedufsm - Seção Sindical

Carlos Renan diz que Ebserh está em consonância com o Banco Mundial

Para o ex-diretor do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Carlos Renan do Amaral, há muitos interesses em jogo quando se fala sobre Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e, de forma mais geral, sobre financiamento para a Saúde. O modelo de sistema hoje imposto aos hospitais públicos brasileiros está em consonância com a proposição do Banco Mundial, já tendo sido implementado em vários outros países. É o que explica Amaral, que durante quatro anos (2006-2010) dirigiu o HUSM, quando lembra o Congresso Latino-Americano de Administradores da Saúde, realizado em 2008, do qual ele mesmo participou. Lá, o tema de debate girava em torno do financiamento da Saúde por instituições financeiras internacionais. 

“A proposta que eles faziam era a das parcerias público-privadas. Eu ouvi do presidente mundial do Banco Santander que o sistema financeiro hoje observou que os recursos investidos na Saúde pelos governos são suficientes para que empresas privadas possam atuar no setor e terem lucro. Por isso o interesse do Banco Mundial em financiar a recuperação dos hospitais universitários”, avalia o ex-diretor do Husm, que ainda desmascara outra propaganda feita pelo governo federal: a de que simplesmente se mudará o sistema de gestão dos hospitais. “Na verdade, não é um modelo de gestão, está se mudando a personalidade jurídica. Tira-se de uma empresa autárquica, da Universidade Federal, e passa-se para uma empresa pública de direito privado”.

O argumento de que gestão é sinônimo de personalidade jurídica constitui uma jogada política, pois as duas esferas são claramente separadas. Conforme explica Amaral, gestores são servidores públicos, escolhidos pela comunidade universitária para tomar decisões relacionadas aos problemas da Saúde. Já a personalidade jurídica seria a forma como se dá a relação dentro do campo jurídico, “situação que nunca foi problemática em nosso hospital universitário”, destaca ele.

domingo, 2 de junho de 2013

Os novos ataques ao SUS: serão definitivos?

Quarta, 15 de maio de 2013
Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 02/06/2013

Por Nelson Corrêa Viana

Ouvindo rádio pela manhã, dirigindo-me ao trabalho depois do almoço, a propaganda do governo federal sobre os planos de saúde, que já tinha me chamado a atenção, deu um estalo. Também tinha lido um texto dos professores Luiz Eugênio Portela, Mário Scheffer e Ligia Bahia, publicado no dia 05/03/2013 na Folha de S. Paulo, questionando se a presidente Dilma queria acabar com o SUS (Sistema Único de Saúde), com uma indignação justa que também é minha. Os textos em aspas são deles e me recuso a chamá-la de ‘presidenta’ por respeito à língua portuguesa.

Não há dúvida de que está ocorrendo um sucateamento do SUS e a falácia das investidas contra os planos de saúde existentes, que também não atendem os seus clientes com dignidade, com o governo conclamando essa população a denunciar os descumprimentos das operadoras.

Contudo, esse jogo falacioso esconde por detrás a intenção do governo de descontinuar o SUS ainda mais, entregando-o como mercado ao setor privado. E a consolidação da rede pública vai fazer parte de histórias inacabadas, impondo autoritariamente para a sociedade a condição de apostar em planos de saúde ineficientes. Se estão ruins agora, sem a entrada dos novos pobres nos planos de saúde para pobres, imaginem quando realmente forem aprovadas essas medidas privatizantes da Saúde Pública. Portanto, mais um engodo à vista.

Vislumbramos um desmonte final do Sistema – mais do que está desmontado – e que “vem sendo negociado a portas fechadas, em encontros da presidente Dilma Rousseff com donos de planos de saúde, entre eles financiadores da campanha presidencial de 2010 e sócios do capital estrangeiro, que acaba de atracar faminto nesse mercado nacional”.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A classe operária vai à CLT. Artigo de Ricardo Antunes

07 de maio de 2013
Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 16/05/2013


"O eufemismo 'flexibilizar' é a forma branda encontrada por essas forças para dizer que é preciso desconstruir os direitos do trabalho, arduamente conquistados em tantas décadas de embates e batalhas. Basta olhar o que se passa hoje com a Europa e constatar lá também o receituário é flexibilizar, acentuando ainda mais o desmonte dos direitos dos trabalhadores.", escreve Ricardo Antunes, sociólogo, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 05-05-2013.

Eis o artigo.

Em nosso curioso país, muitas conquistas acabam tendo vida efêmera, enquanto muita construção estranha acaba longeva. E assim o país caminha, quase de forma prussiana, em seus avanços e atropelos. O que explica, então, a longa duração de nossa CLT, criada em 1943?

Fonte: www.secbhrm.org.br
Sabemos que a Consolidação das Leis do Trabalho se originou em uma conjuntura especial, intimamente vinculada à chamada Revolução de 1930, que foi mais do que um golpe e menos do que uma revolução. Rearranjo necessário entre nossas classes dominantes - cuja fração cafeeira começava a perder seu acentuado espaço no poder -, o movimento político-militar que levou Getúlio Vargas à Presidência da República recompôs o equilíbrio entre as distintas frações da oligarquia, cujo resultado mais expressivo, entretanto, foi o desenvolvimento de um projeto industrializante, nacionalista e com forte presença estatal. E Vargas sabia que a montagem desse novo projeto não poderia se efetivar sem o envolvimento da classe trabalhadora, que não encontrava espaço no liberalismo excludente da chamada República do Café.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Onde foi parar o sonho do SUS?


Estupendo! Aqui divulgamos esse artigo de Ana Maria Costa, Ligia Bahia e Mario Scheffer que traça um balanço da privatização do projeto e da concretização do SUS ao longo de 25 anos e comenta como a história já demonstrou o suficiente que a privatização NUNCA atenderá as necessidades da população brasileira. Não perca!!

Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 10/04/2013

Depois de tantas promessas frustradas de redenção da rede assistencial pública, a tendência de governantes - que buscam responder às demandas por saúde dentro do limite de seus mandatos - têm sido delegar cada vez mais atribuições estatais à iniciativa privada. Essa inclinação privatizante não reverteu e nem sequer amenizou o quadro de dificuldades da população em acessar e utilizar os serviços de saúde. 


Ana Maria Costa¹ | Ligia Bahia² | Mario Scheffer³



Onde foi parar o sonho do SUS?



No documentário "Sicko", de Michael Moore, ao ser abordado sobre o fim hipotético do sistema universal de saúde inglês, o NHS, um dos entrevistados foi incisivo: “Haveria uma revolução”. Orgulho nacional britânico, homenageado na cerimônia de abertura da Olimpíada de Londres, o NHS sempre inspirou o Sistema Único de Saúde (SUS).

Mas, afinal, onde foi parar o sonho do SUS de uma cobertura pública universal que não deixaria, por definição, nenhuma pessoa sem atenção à saúde? Ao mesmo tempo em que os cidadãos deveriam financiar o sistema por meio de impostos, de acordo com a capacidade contributiva, poderiam acessá-lo conforme a necessidade de saúde, não em função da possibilidade de pagar ou da inserção no mercado formal de trabalho. No sonho de tantos, inscrito na Constituição Brasileira, o SUS seria a expressão de solidariedade que une todos os brasileiros, ricos e pobres, sadios e doentes, moradores dos centros e dos grotões, em resposta coletiva ao essencial do ser humano, a saúde.

domingo, 31 de março de 2013

"Estou convencida de que os sistemas públicos e únicos de saúde têm muito mais possibilidade de conseguir o que queremos de um sistema de saúde". Entrevista com Asa Cristina Laurell


Publicada em 22/02/2013

Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 31/03/2013

Infraestrututura e RH: problemas comuns dos sistemas de saúde latino-americanos

“Temos problemas que concernem a todos os sistemas de saúde, principalmente na América Latina, que é a falta de infraestrutura e recursos humanos. Desde que não haja proibições a um sistema único e público de saúde, pode-se fazer um planejamento de médio e longo prazos. Isso não ocorre nos sistemas privados de saúde, porque estão nas mãos de provedores privados que decidem onde e como querem disponibilizar os serviços. Nos sistemas públicos de saúde, primeiramente, definimos como estão distribuídas as necessidades de saúde. A partir daí, definimos onde fortaleceremos os serviços.” Essa é a opinião de Asa Cristina Laurell, uma das pesquisadoras mais representativas da corrente da Medicina Social latino-americana, autora de 10 livros e mais de 50 artigos publicados em revistas científicas.

Coordenadora do curso de pós-graduação de Medicina Social na Universidade Autônoma Metropolitana de Xochimilco, no México, Asa fala ao Informe ENSP sobre o estado de bem-estar latino-americano, modelos de sistemas de saúde e acesso aos serviços de saúde. 

Asa é graduada em Medicina, em 1971, pela Universidade de Lund (Suécia), mestre em Saúde Pública pela Universidade da Califórnia, Berkeley, e especialista em Epidemiologia. Professora e pesquisadora de Medicina Social, desenvolve estudos sobre as relações de trabalho e saúde. Em 1976, visitou pela primeira vez o Brasil, em plena ditadura política. 

Em visita à ENSP para uma videoconferência, realizada em 20 de fevereiro, no âmbito do mestrado de Saúde Global e Diplomacia da Saúde, coordenado pela pesquisadora Célia Almeida, Asa reencontrou várias autoridades em saúde pública.

terça-feira, 26 de março de 2013

Jogo das trocas e a troca dos jogos: a mercantilização da cidade


Sexta, 08 de março de 2013

Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 26/03/2013


"Banco Imobiliário da Cidade Olímpica", PPP sem licitação, governantes personalistas, o neoliberalismo mercantil do espaço urbano explicitado no sistema de ensino, etc. Muita tristeza junta em cima de um tabuleiro.

Fonte: ricardo-gama.blogspot.com.br

Uma edição especial do tradicional jogo de tabuleiro “Banco Imobiliário”, carregada de elogios a obras e programas do prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB), está sendo distribuída em escolas públicas municipais do Rio de Janeiro. Por trás da notícia, a estratégia – consciente ou inconsciente – de construção de uma cultura urbana na qual os bens e os espaços públicos e todos os bens pessoais devam ser pensados, antes de tudo, como mercadoria, como fonte de lucro privado. Trata-se, portanto, de uma ação de longo efeito na busca do consentimento social para a política que junta os negócios políticos com os negócios privados pela ampla e profunda mercantilização da cidade

A esse respeito, segue, abaixo, a opinião dos professores Luiz César de Queiroz Ribeiro e Orlando Santos Júnior, em artigo publicado no sítio Observatório das Metrópoles, 07-03-2013.

Eis o artigo. 

A revelação da operação entre a fábrica de brinquedos Estrela e a Prefeitura do Rio de Janeiro pode ser considerada como um escândalo. Ao custo de R$ 1,05 milhões, a prefeitura comprou 20 mil unidades de uma edição especial do tradicional jogo Banco Imobiliário, denominado “Banco Imobiliário: Cidade Olímpica”, tendo, no tabuleiro e nas cartas, monumentos da cidade, e obras e programas desenvolvidos na gestão do prefeito Eduardo Paes. O objetivo é distribuir o jogo nas escolas públicas municipais e dá-lo como prêmio aos melhores alunos. Segundo a Prefeitura, o brinquedo vai divulgar a imagem da cidade e pode ser usado de forma pedagógica, auxiliando “o aluno no aprendizado da história e geografia da cidade”.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Manifesto de Repúdio à Proposta do Governo Federal de Subsidiar os Planos Privados de Saúde


A Frente Nacional contra a Privatização da Saúde repudia o conjunto de medidas que, segundo notícia veiculada na Folha de São Paulo em 27/02/2013, o Governo Federal prepara desde o início do ano e que amplia a trilha da privatização da saúde em curso, através da radicalização do favorecimento já amplo ao mercado de planos e seguros de saúde.

Na reportagem é relatado que a própria Presidenta, pessoalmente, vem negociando com grandes empresas que atuam no mercado de planos privados de saúde – a maioria controlada ou com grande participação do capital estrangeiro e grandes doadoras da campanha presidencial de Dilma Rousseff – um pacote de medidas que transferirão mais recursos públicos para suas já vultosas carteiras através de redução de impostos, novas linhas de financiamento e outros subsídios a expansão do seu mercado.

Tal proposta consistiria na prática em universalizar o acesso à saúde das pessoas através de planos e seguros privados, e não através de serviços públicos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O preceito constitucional da saúde como direito é ferido mortalmente, ao ser substituído por uma abordagem da Saúde como mercadoria a ser mais amplamente consumida, especialmente para as chamadas classes C e D, para impulsionar o atual modelo de desenvolvimento.

Esta pode ser a formalização final para a instituição de um seguro saúde e criação de um Sistema Nacional de Saúde integrado com o setor privado, tendo como consequência acabar com o SUS ou torná-lo um sistema focalizado, consagrando o processo de universalização excludente que vem ocorrendo desde os anos 1990 com a saída dos trabalhadores melhores remunerados, que foram impulsionados à compra de serviços no mercado privado devido ao sucateamento do SUS. Esse movimento faz parte do mesmo processo de aprofundamento da subordinação do país ao grande capital financeiro, atrelado aos interesses do imperialismo. Contra fatos não há argumentos: há um crescimento no número de usuários de planos de saúde de 34,5 milhões, em 2000, para 47,8 milhões, em 2011, tendo o Brasil se tornado o 2º mercado mundial de seguros privados, perdendo apenas para os Estados Unidos da América.

A referida medida que beneficia os planos privados é anunciada poucos meses depois da venda de 90% da AMIL, maior operadora de planos privados de saúde do Brasil, para a empresa norte-americana United Health, e do anúncio do seu fundador, Edson Godoy Bueno (um dos maiores bilionários brasileiros) da meta destes planos atingirem 50% da população brasileira, ou seja, duplicar a sua cobertura para 100 milhões de brasileiros. A estratégia anunciada pela United Health para o Brasil é crescer entre o público de baixa renda.


sábado, 16 de fevereiro de 2013

"Não deveria ser priorizada uma saúde pública baseada na obrigação da gestão individual de riscos": entrevista com Luiz David Castiel


Reproduzimos aqui uma entrevista do Informe ENSP com o pesquisador Luiz David Castiel. É uma importante reflexão sobre a gestão neoliberal da saúde pública e as concepções que ela carrega, muitas vezes calcadas na individualidade e na autoproteção/autocuidado: o oposto das ideias centrais da concepção e gestão da saúde da Saúde Coletiva. Para o pesquisador, a reflexão das premissas da concepção neoliberal se dá num volume muito inferior do que deveria ser. 

A leitura da entrevista é por nós altamente recomendada. Concorde-se ou não com a argumentação do pesquisador, é uma preciosa fonte de reflexões.

Publicada em 15/02/2013

Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 16/02/2013

Fonte: www.emancipacionsye.com
Comprar e vender saúde se tornou um vasto empreendimento

“Comprar e vender saúde se tornou um vasto empreendimento que traz reivindicações vigorosas de autoridade, numa época individualista em que nos incumbem ser responsáveis gestores pessoais de nossa própria saúde e de nossa família.” 

A opinião é do pesquisador da ENSP Luis David Castiel, em entrevista ao Informe ENSP. Para ele, há três forças vigorosas em ação que agem conjugadamente: o poder econômico, a gestão neoliberal individualizada e a pressão para se agir sem a certeza suficiente quanto às informações para orientar as decisões. “É importante criticar conceitos cujas premissas não costumam ser discutidas e ter uma suspeita saudável das apresentações midiáticas das questões de saúde”, sugeriu. 

Segundo Castiel, o papel mais importante da saúde pública seria enfrentar e criticar com ênfase o poder econômico altamente concentrado sob a forma de corporações que produzem medicamentos, equipamentos e alimentos. Ele é autor do livro "Correndo o risco: uma introdução aos riscos em saúde", em parceria com Maria Cristina Rodrigues Guilam e Marcos Santos Ferreira, também pesquisadores da ENSP. 

Leia a entrevista a seguir.

Informe ENSP: Qual é sua proposta de promoção da saúde?

Luis David Castiel: Não tenho a pretensão de propor um modelo de promoção da saúde para substituir o vigente. Não se trata exatamente disso, mas de uma mudança de enfoques. Proponho discutir uma perspectiva que não é exatamente instrumental. Sugiro entrar nessa questão por outra visão conceitual, na qual se discutam ideias que se consagraram sem que tenhamos discutido suas premissas. 


Por exemplo: o que significa promoção de saúde a partir de outros conceitos relacionados à saúde – também discutíveis – que a constituem? Entre esses conceitos estão prazer, equidade, risco, normalidade, acessibilidade, vulnerabilidade e empoderamento.


Comprar e vender saúde se tornou um vasto empreendimento que traz reivindicações vigorosas de autoridade, numa época individualista em que nos incumbem ser responsáveis gestores pessoais de nossa própria saúde e de nossa família. As forças estruturais que determinam a informação de que dispomos para tomar decisões médicas são mais e mais complexas.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A carona neoliberal na reestruturação urbana


Sexta, 18 de janeiro de 2013


Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 23/01/2013

Fonte: http://samukaitz.blogspot.com.br

Copa e Olimpíadas são utilizadas para elitizar e mercantilizar as cidades brasileiras.

A reportagem é de Vivian Virissimo e publicada pelo jornal Brasil de Fato, 17-01-2012.

De um lado uma nova imagem de cidade, competitiva e atraente aos olhos dos grandes investidores. De outro, o descaso com os segmentos pobres que estão sendo expulsos de suas moradias. Muito além das competições esportivas, por trás dos megaeventos está em jogo uma reestruturação urbana de grande envergadura gerenciada na última década pelo Partido dos Trabalhadores (PT). As gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff têm feito investimentos pesados que transformarão as grandes metrópoles brasileiras, de norte a sul e de todas as regiões brasileiras.

Além das obras de estádios e instalações esportivas para a Copa do Mundo 2014 e para os Jogos Olímpicos 2016, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) vai tirar do papel projetos de mobilidade urbana e vai reformar e ampliar aeroportos e portos. Dados oficiais do Portal da Copa informam que o evento agregará R$ 183 bilhões ao PIB do país e mobilizará R$ 33 bilhões em investimentos em infraestrutura. Os gastos das Olimpíadas, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), são de R$ 5,6 bilhões custeados pela venda dos ingressos e por recursos privados.

De acordo com o coordenador do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Orlando dos Santos Júnior, todas essas mudanças estão sendo legitimadas pelos megaeventos, mas estão inseridas num panorama mais abrangente de reestruturação urbanística no país. “Esta reestruturação é muito superior aos megaeventos em si. A intelectualidade e setores da imprensa têm dificuldade de reconhecer o fenômeno urbano no Brasil, sobretudo porque há uma forte tendência de falar em desenvolvimento econômico levando em conta apenas o agronegócio, sem reconhecer a dinâmica das mudanças que atravessam as cidades”, explicou.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Entrevista com Ruy Braga. 2012: acirram-se os conflitos, face a uma era perdida para os direitos sociais e trabalhistas


SEXTA, 21 DE DEZEMBRO DE 2012

Republicado no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde em 03/01/2013



2012: acirram-se os conflitos, face a uma era perdida para os direitos sociais e trabalhistas  

Escrito por Valéria Nader, da Redação - colaborou Gabriel Brito

Mensalão e eleição serão, inegavelmente, marcas registradas do ano de 2012. Daquelas que vêm primeiro à mente ou aparecem de maneira mais imediata ao senso comum. O primeiro, no entanto, passado o momento de arrebatamento inicial, repleto de rompantes e querelas políticas, ficará para a história como mais do mesmo da política nacional, com a sua equalização por baixo a partir do vale-tudo institucional. E as últimas eleições municipais tampouco serão capazes de se registrarem mais qualificadamente na memória coletiva, vez que, no geral, não chegaram a modificar de modo substancial a atual composição de forças dominantes.

Na economia mundial, a desaceleração voltou a mostrar força retumbante em 2012, mais notadamente no continente europeu, às voltas com as imposições barbarizantes da chamada Troika. Um processo que, ressalte-se, já vem se delineando bem antes da explosão da crise financeira internacional de 2008, e que não chega a ser surpreendente para quem acompanha o desenrolar da vertente econômica dominante – norteada pela satisfação dos interesses do capital financeiro e das grandes corporações internacionais.